quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

E pra 2011?






 É muita coisa... Mudanças umas; Permanências algumas; Possibilidades tantas; Esperanças mais... Vamos separar pelos quatro cantos:

 Pro físico/material, nada melhor e mais digno de ser agradecido que a saúde perfeita! Essa é a primeira permanência da qual eu faço questão! Mais do que nunca vem aquele velho anseio pela tal independência material, seja nas aulas pra ensino fundamental e médio, seja pro fabuloso mundo dos ímãs-de-geladeira, é válido ir de cabeça. Pra pagar viagens, uma autoescola, e quem sabe dar entrada em um carrinho? Sonhar custa?

 Na vida acadêmica e por assim dizer "intelectual", espero um desempenho ainda muito melhor esse ano, pois já vejo acenar pra mim ao longe a tal "dona Monografia", e é bom mostrar serviço, é bom estar pronto!


 No pessoal, ai ai... Quanta mudança, e que maravilhosa mudança! Nunca mais chamar de "liberdade" o ato de vagar em autodepredação, como se isso protegesse alguém, quando só endurece e suga. Continuar a dar o merecido valor aos tantos amigos que mostraram tê-lo durante os "perrengues" de 2010. E, claro, cultivar com toda a alma isso de tão lindo que foi plantado no fim desse ano, com essa maravilhosa "Maga Patalógica" ;p, sendo atencioso, sério, companheiro e verdadeiro, e sobretudo sem deixar de apoiar, confiar e acreditar como um Homem, pois no fim não é nada menos do que ela merece, nem nada mais do que o que deve ser feito e eu disse que faria. Seja na correria compreensível do dia-a-dia, seja nesse nosso tempo estranho que passa anos intensos em meses.


No mais, pro meu velho espírito, tão tão mais velho do que eu, não sei de planos, mais do que deixá-lo voar sozinho, contagiar, ser contagiado, e manifestar tudo, tudo por si só, seja lá o que aconteça ou possa acontecer, ou ainda pareça poder acontecer, seja lá o certo, seja lá o errado, que eu seja em essência aquilo que independe de qualquer circunstância: Vida!

Retrospectiva...



Vamos ver... Ah, meus 20 aninhos! Tão esperados, por nenhuma razão especial esperados, mas sim esperados... Ai, esse ano que foi uns quinhentos em um... Por mês, vou tentar balbuciar eventos sem anacronismo, de acordo com o que eu acho que se passava na minha cabeça no contexto em que esses eventos se passaram:

Janeiro- Ah! Nunca fui tão longe na vida! Boa Viagem, Itamaracá, Olinda, Casaforte, Serrambi, Recife Antigo, Paulista... Gente educada, lugar lindo, cidade grande, cheia de história... Pouca Chinfra, Brennand, Desliga a Bomba, Vai Dá na Praia... Espero voltar em breve...

Fevereiro- Volta a Curitiba! E à velha e velha Universidade Federal do Paraná... hahah! É bom reencontrar seres da noite e "migucsos", como "calouros"... É bom brincar de veterano... É bom ter amigos! Seja saindo de "zumbi" na companhia de uma anacrônico "Cristo Pigmeu", seja saindo no carnaval pra ouvir rock no porão!

Março- Festas à parte, aqui retorna a veeeeeelha vida acadêmica, as veeeeeeelhas resenhas gigantescas de catálogos gigantescos e trabalhos gigantescos... Ah! E é legal ser um "veterano sociável" e apresentar orgulhosamente aos seus as particularidades de um ambiente que só você percebe, do jeito que só você percebe... No mais, meu amigo, você tinha razão! Foi bom dar um crédito à abominável exclusividade... Nunca menti pra criança... Foi mesmo um prazer cantar pra você!

Abril- Foi mesmo um prazer, por que não?! Não minto por despeito... Foi mesmo um prazer levantar as opiniões de si sobre si... Acreditar que dava chão à pequena fantasia... Que dava prosa pro eterno e enjoativo musical... Que na páscoa poderia ter provado um pouco mais de consequência e outro tanto mais de realidade... Mas, ah! O tal sexto sentido aqui funciona, pois ele já sabia desde o começo...

Maio- Foi tão bom "precisar" de uma e achar outros tantos... Se não vê verdade no "to com vc", que mal faz? Tenha o velho e sufocante abraço do Mundo pra qualquer coisa... Ele pode acabar com você fazendo com que você ache que te fortalece... E daí? Enquanto se acredita nessa invulnerabilidade, por mais falsa que ela seja, nem se sente a sujeira e o dano a princípio... Fiz 20 anos, duas décadas aqui, acolá... Agradeço a mão da mãe de Sara pelo socorro no meu aniversário... Eu disse que as coisas iam ficar melhores não disse?

Junho- E pelos sucedidos desse mês e do anterior, mesmo que hoje pelo-que-quer-que-seja-e-que-eu-não-faço-idéia-do-que-é se mantenha à distância fria, obrigado pelo apoio e pelo pacto feudal, filha de Boa Mãe, no que foi feito, fez muito mais do que o esperado, muito mais do que o necessário! Mês de estresse com mudança de casa... E lá vou eu pro Santa Cândida entre caixas e sacolas, hahahah! Obrigado à vó pela ENORME paciência... No mais, mais um mês de andar de Intruder pelo velho Largo, de ir ver e respirar tanto a igrejinha, quanto a catedral,  quanto o centro espírita, quanto a mesquita, quanto a sinagoga! Fim de semestre, preciso dizer mais?

Julho- Recesso e um tédio pavoroso, afogado na Biblioteca Pública, nas tarefas domésticas e na rota Curitiba-Araucária... Curtas viagens, idas e vindas, aniversário da mãe, Santa Catarina, negócios da Igreja...

Agosto- Eita! Lá vem o Quarto Período! Volta também grande parte do "social"... Às vezes é bom ser mediador, é bom consolar as pessoas, é bom ter dois ombros... Oficinas, pesquisas, planos e serviços lucrativos, mancada homérica (fazer o que? bem feito)... E o mais importante: Finalmente nossa casa!

Setembro- A companhia do senhor foi diferente esse mês: Não pela debilidade da saúde, nem pelo ar que faltava... Foi só diferente! Não pelo silêncio ou pela aparente apatia... Mas de algum jeito pela presença, pela alegria calada (como você nunca foi) nos 3 anos do teu netinho, e nas largas horas sentado na poltrona-de-papai, entretido com um documentário ou um jogo de futebol... De certa forma o tempo passou bem lento, mas bem leve ao teu lado, e a cada momento que em outra ocasião causasse tédio ou irritação ao teu jovem neto hiperativo, eu simplesmente olhava o teu sono, e via graça de Deus na tua respiração. Se eu ainda não sabia foi ali que eu vi o meu melhor amigo! Na vida acadêmica, diria um professor, "il buono e vecchio cazzo della manca di tempo di sempre!"... Idéias, campanhas, ímãs, cartazes, tudo pra fazer a cabeça funcionar... E melhor: O bolso encher! No mais, muito bom conhecer as cabras de um sábado à noite, e mais que uma honra a amizade que se fez depois disso... E simplesmente fantástico e curioso achar tanto em comum e tanto em incomum, na imponência engraçada de uma certa figurinha de preto que entra na sala e também põe o pé na carteira... Eita! Comédia astrológica!

Outubro- Poderia dizer um tanto mais do que já disse, escrevi e deixei passar sobre o senhor... Melhor deixar isso aos pés da Santa do que num blog de internet, pois graças a Deus, o senhor não está aqui pra ler... Todos que enxergam imaginam o drama da cabeça sem os olhos, mas ninguém jamais parou pra pensar a dor dos olhos se não têm pra quem enxergar... Tudo bem! Nessas fraquezas é praticamente indolor o pesar da inconfidência alheia, seja por uma série de mentiras ditas a quilômetros de distância, seja por uma medíocre dor de cotovelo... E por outro lado, tornam-se ainda mais belas as mãos que se estendem pra segurar as nossas... De quem aparentemente sem qualquer outro motivo se põe ao lado, e mostra que qualquer coisa que a tal "liberdade" egoísta e porca já nem acreditava: Ágape, partilha, paz e sobretudo Confiança! Tolo o que se fecha numa pesada armadura escura de libertinagem, pois no calor torrencial que vem de dentro, vai precisar de muito esforço, também de dentro, pra poder tirá-la!

Novembro- O tempo, e a correria que ele impõe são o melhor analgésico! Aperta a correria do estudante... Aperta mais a do desempregado... De volta ao ambiente de Igreja e à "pequena  família". No mais, a companhia da "maga branca" e todos os ventos, vai muito além de qualquer aprendizado, uma noite em claro pra poder ver, uma noite em claro pra poder abrir, e pra poder começar a fase nova que aqui dentro leva tempo e esforço pra acostumar. Tudo tão válido! Sentir e começar a decorar os extremos de quem é "Oito ou Oitenta". E se ainda houvesse qualquer receio, ouvir um coração que grita pelo telefone, e justamente em um momento de mágoa, raiva e angústia, mostra o quanto se importa. E ter certeza de que vale a pena, e de que tudo é muito mais que real, muito mais que sincero. No dia 28 se assume e se planta uma semente pro novo ano. Só meu coração, quando sério e dedicado, de Homem pra cultivá-la, pois mais do que nunca, é hora, e vale a pena!

Dezembro- Chegam os Miranda! Nada, ninguém melhor que a minha gente! Das alegrias das tias, dos bares com os primos, de brincar de Lego e massinha no tapete com a sobrinha. Pouco espaço, muita gente, pouco sono, muita alegria... Como é precioso! A  vida acadêmica tem fim com saldo positivo esse ano... E a expectativa e a esperança fazem pensar: E pra 2011?

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Oito ou Oitenta


E foi assim que mostrou a sua Verdade
Sua pureza, no real sentido do termo
Sua força
Sua beleza
Sua capacidade
Capacidade de ser grande, de tão grande
O suficiente pra ser o único desfecho pra  duas trilhas no começo opostas
Oito ou Oitenta
Jamais mediana, jamais medíocre
Sem nunca dizer nada pela metade
Fazer nada pela metade
Querendo tudo, confia em tudo, espera tudo
Querendo nada, confia em nada, espera nada
Não há muro no mundo sobre o qual se acue
Propriamente, jamais quereria viver encima de um
E assim se faz Verdadeira
Assim se fez Grandiosa
Assim ganha o carinho e a presença
Até de um que foi tão ferido e sufocado
Pela própria rasputina
Pela mentira qualquer sussurada a Deus antes de dormir
E repetida pra todos tão antes de encontrá-la
Tão antes da noite em que pularam e caíram de alegres numa rua por aí
De um sujeito marcado
Pela foto nunca vista de "menino bonito"
Pelo escárnio da primeira, falsa e covarde professora
Mas você
Assim Verdadeira
O faz livre pra ser também
Oito ou Oitenta
Assim o faz sentir
Oito ou Oitenta
Nas tuas duas capacidades incríveis
De causar a mais vibrante alegria
Ou provocar a mais anêmica das tristezas
Quando Oito
O faz sentir escapar apetite, sono e vontade
A velha imobilidade de quem não quer ter que pedir
Travada pelo orgulho dos do mês de maio
E que não vai pedir!
Tristeza pelo assombro coagulado de abandono e ausência
Do que lembra outras indiferenças
Mas, indiferença de você?
Com certeza não viria!
Porque é coisa de covarde!
Não de quem é Oito ou Oitenta
Quando Oitenta
O faz sentir Trindade
É três formas de Um
De três em um
Pra três em uma
Ou mais?
E qualquer riso sai mais fácil
E qualquer bronca entra mais difícil
De lua branca, azul, vermelha
Como a veste dos teus ossos é branca
A veste da tua aura é azul
E a veste da tua santa é vermelha
...
E tá tudo bem
São precisas só três letrinhas
De oito
De oitenta
Ah, "morcega"...
Qualquer que seja
Só não deixe de ser aqui Oito ou Oitenta
De Verdade, de Certeza, de Grandeza
Mas também de Justiça
Da mão que deu o tapa
Da boca que sorriu na cama
Não de cegueira
De Justiça
De carinho, de desprezo
Mas nunca incompreensão, indiferença
Sempre Oito ou Oitenta
Dos olhos de mulher no sofá, de Ágape
Ou dos de menina que chora à noite por um engano meio-dito ao telefone
Sê Oito ou Oitenta
Sem melindrar pelo sentimento dito e depois meio-entendido
Confia Oito ou Oitenta
Acredita Oito ou Oitenta
Deixe ser Oito ou Oitenta
Ninguém pede que seja Oitenta e Oito
Mas Oito ou Oitenta
Por isso...
Sejamos sempre os dois
Oito ou Oitenta
...


Por mais que às vezes doa alguma angústia, ainda é muito bom estar ao teu lado
Porque é em você que ele acredita!
Porque é em você que ele confia!
Porque é você que ele ama!
Ainda à espera de novos mares, bares, ventos, luas, sofás, noites e igrejas...




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domingo, 28 de novembro de 2010

Névoa Et Encruzilhada

Após uma perda do controle
Seguida de um pesar fundo, estranho e sem razão
E de noite sem sono
Algumas coisas têm parecido tão confusas...
É algo que precisava de mudança
Que enfim se percebesse que essa permanência,  por mais que já venha de alguns anos
Não cabe numa tal de eternidade
Realmente parecia que não ia acontecer
Tinha-se construído um paredão alto e escorregadio, aparentemente inexpugnável
Pra guardar algo de uma tal profanação
E tinha-se cercado de desertos rudes
Esse algo, cercado por uma muralha de quatro lados
Se manifesta no mais puro de um vento iluminado
Que se acostumou a redemoinhar-se em torno de si mesmo
O que fazer se esse vento tão cheio de vontade própria
Frente a uma presença, que como ele é uma em muitas e muitas em uma
Inconscientemente começa a deixar a sua Fortaleza?
Pra entrar em contato com a Terra, que há muito temia que fosse poluí-lo?
Presença que parece cercada de tanta névoa sombria de algum medo ou dúvida?
Mas que por trás ostenta a tal luz que não fere nenhum dos tantos olhos
Presença que assusta, por já ter dito tanto tão antes de ser notada
Presença que fascina, pelo seu convite
E que parece mostrar aquilo que já deveria ser cônscio
Que por mais alto que qualquer pássaro voe
Por mais tempo que permaneça no alto a ave de rapina
Girando em torno do seu próprio círculo
Como o sol orgulhoso: Estrela e Satélite de si mesmo
Uma hora terá de descer à Terra
Nela se recolher
E montar seu ninho
Merda! Pra que me serviram esses cíclos todos?
De que me serviram esses muros todos?
O ninho está sendo montado, começou a ser montado
E na primeira árvore do dia
Na encruzilhada de seus galhos mais fortes
Que se vê todos os dias ao olhar as janelas, que são enormes!
Aquela árvore, que faz com que mesmo um Filho da Lua
Enxergue e reconheça, a despeito de toda presunção e de todo calor que machuca
A exuberância incontestável da luz do Sol
Por mais que ela nos arda as vistas do corpo
Por mais que o seu calor horrendo nos reclame as águas da testa
Ah, Mãe! Tua luz não me machuca como a dele
Donzela, Mãe, Anciã
Ser ciativo e refrescante
Isis, Asarteia, Ishtar, Diana, Cibele, Kore, Ceridween
Levanah, Luna, Mari, Ana, Rhiannon, Selena, Deméter, Mah
Olhe com nossos olhos, ouça com nossos ouvidos
Toque com suas mãos, respire com nossas narinas
Beije com nossos lábios, abra nossos corações
Penetre em nós!
Toque-nos, transforme-nos
Faça-nos um todo...
Os sinais têm vindo
Mas ao mesmo tempo
Suas mensagens são tão claras que me ofuscam a vista
Chegou a encruzilhada, e é impossível não se deter um pouco frente a ela
É impossível não se paralisar frente a ela
À medida que as coisas vêm se tornando mais perceptíveis
Cada estrada exerce a sua atração
Mas a luz não muda de lado
Ah, Virgem... Pra onde será que eu vou rumar?
Cada sinal me vem como uma verdade forte dita
Seja o  luminoso sonho em que alguém me diz de algo "Grande" a ser feito em pouco
Com alguém que pareceria estar há pouco, por mais que já esteja há muito
Seja a Boa Nova construída sobre a nossa linda cerejeira
Seja um "mensageiro" aparentemente bêbado, que me manda pôr os calcanhares no chão, sentir e preservar a ligação forte e harmoniosa com a pessoa que se põe ao meu lado
Seja uma indescritível partilha de fluidos azulados tomando conta da sala, por um curto espaço de tempo, que no alfa se estendeu por uma estranha "eternidade"
Seja um vento da madrugada, com sua risada gostosa me puxando para a frente, mais rápido
Seja o som  de um segundo frente ao relógio
Seja um sujeito de olhar ameaçador que surge de repente no pátio de um posto de gasolina, o qual sabe-se lá por que estava ali àquela hora, e que fitando fundo diz numa máscara de fúria: "Você não tem como estar de passagem... Vai, continua o teu caminho!"
Seja a estranha mensagem de "Preste atenção àquilo que as pessoas dizem, elas podem estar falando do teu destino!", aonde eu geralmente só recebo cantadas baratas e desrespeitosas
Seja tudo aquilo que ainda vai ser dito
Ah, Mãe... Ainda há tanta Névoa
Mas ainda há tanta Luz
Parece haver algo que me foi dedicado há tanto tempo, mas que só agora é que se oferta para que eu busque
E me exige, de forma dura, mas sábia, que eu esteja preparado em breve para buscar
Esse tal de destino? Ta aí!
Pelo que eu entendi: Eu posso seguir algo que a Senhora me escreveu há 7, 12, 15, 20, 27, 52, 100 ou 1000 anos, um caminho estreito, que me exigirá desenvolver um tanto de autocontrole
E que ao fim de tudo só pode me levar a essa luz fria que penetra às névoas cada dia mais um pouco
E a uma longa comunhão espontânea de algo por tanto guardado, que já se mostrou possível, mesmo que por apenas cinco minutos (séculos)
Rumaria à plenitude do tal Ágape?
Ou seria pro outro lado?
Guiado por esse tal demônio que edificou essa barreira enorme e medonha
Passaria novamente
E em sombras e mais sombras
Retornaria ao vagar mendicante do libertino
Que faz questão de se alimentar das menores migalhas
Empilhá-las e fazer delas sua trincheira
Na ilusão tola de estar se tornando invulnerável
Eterno faxineiro das ruínas de Novos Édens
Catador de entulho do Jardim das Delícias
Ah, Minha Irmã na Lua!
Me perdoe pela inquietação toda
Não me queixo do seu rigor
É que eu sei muito pouco
É que tudo acontece tão rápido
Mesmo antes do tal Reino
Ainda estou praticando todo o necessário trabalho interior
Como um certo virgem Teseu matou o monstro no labirinto de dentro
Com o machado de ouro e dois lados
Assim também eu já sonhei com esse touro negro
Há muitos e muitos anos
E fugi dele
Mas não dessa vez
Ele voltou, mas agora eu posso olhá-lo
E o mínimo a se fazer, Filha da Lua, é tentar domá-lo
Você tinha razão ontem
...
Acredite em mim
É muito bom estar ao seu lado
Por mais que eu esteja parado
Cada sinal me promete Luz
Em troca de um passo rumo a...
Que eu me revele após ter dominado os monstros
E se estiver no rumo da Luz
Muito haverá pra comungar
E um Mar haverá pra ser visto, ouvido, fragrado e sentido
Confia?


...

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

"Bença", Vô!

Não parecia verdade pra mim
Te ver sorrir e te ouvir
Em mais um sábado
Um homem na cama
Por mais que na cama
Vivo na cama
Mostrava estar vivo
Vivo, cheio de vida
A vida que fazia a gente tão perto
Tão perto do senhor
Aconselhou seus filhos
Se alegrou
Contando ao amigo
Histórias de Oslo, Helsinki...
E naquele sábado
Fosse enquanto pensava olhando o teto
Fosse fazendo o seu jogo de Sena
Fosse olhando futebol na tevê do hospital
Naquele sábado
Em tudo o senhor me falava
Por aquilo que me explicou um dia
A tal "Voz do Silêncio"
Obrigado, vô, por mais essa lição
Pro teu neto tão jovem e curioso
Me explicar no nosso último dia
Sem dizer nada
A tal "Voz do Silêncio"
Não parecia verdade pra mim
Ouvir meu celular tocar tão cedo
E tremer de dor
É minha mãe chorando
Não parecia verdade pra mim
Morreu ao lado do teu filho mais novo
De quem gostava de contar as travessuras da infância
A dor dos teus filhos é forte
Uns a mostram mais outros menos
Mas pra todos a dor é forte
Meu vô valente, um pai protetor
A dor é forte
Mas o que alenta, meu avô
É saber que pela primeira vez a dor é só nossa
Dor nossa
E teu alívio
Estranho, né?
Sempre admirei o senhor
Por tomar as nossas dores
Mas agora dói em nós
Mas não no senhor
Graças a Deus
Não dói no senhor
Agora
Não te falta mais o ar
Agora
Não te aperta mais o peito
Agora
O senhor está em boa companhia
Dos teus amados
Tão amados
Teu pai
Tua mãe
Tua irmã
Teu irmão
Todos aqueles teus amigos
Todos estão aí
Onde estiver, estão aí
A dor fica pra gente
Como esses móveis
Essas imagens
Esses vultos
Mas eu sei, meu avô
Que o senhor era grande
Gostava de ser grande
E sendo grande
Tão grande
Não ia ser agora que o senhor
Ia caber numa poltrona
Numa moldura
Olho tua foto e me dói
Me dói a saudade
Mas eu sei que o senhor não está ali
É só teu vulto
Uma pegada que me faz lembrar você
E me dói a saudade
E aí é tua "Voz do Silêncio" que vem me falar
De saudade
Mas o senhor não está ali
Não!
O meu avô sempre foi muito grande
Grande de mais pra caber numa moldura
Numa mesa
Numa poltrona
O "Grande Homem", como um dia disse o Mr. Shellard
Não ia querer caber num pedaço de mármore, numa cova funda
Muito menos no vestígio de uma casa, ou um bilhete preenchido e nunca jogado de Mega Sena
O Grande Homem tem que estar agora em toda parte
Penetrando em toda parte
Mas principalmente nos corações imensos
Dos seus cinco filhos
Seus tantos amigos
Seus três irmãos
Seus onze netos
Aonde, mesmo enquanto preso nessa velha cela
Pesada, frágil e breve
Que nós teimamos em chamar de vida
Nunca deixou de estar presente
Foi aí que te procurei, vô!
No teu enterro não quis carregar teu caixão
Preferi não olhar pro corpo que te aprisionou por 81 anos
Procurei você pelo ar
Procurei por você aqui dentro
Procurei escutar essa "Voz do Silêncio"
Não parece verdade pra mim
Ouvir novidades
De política
Futebol
Teu silêncio era tão cheio de prazer
Ao ouvir o entusiasmo
Desse teu neto tão jovem, que fala demais
Falar demais
E talvez por isso me dizia o senhor
Que eu era os "teus olhos"
Azar o meu, esses olhos vão ter que se acostumar
A não ter pra quem enxergar
Não parece verdade pra mim
É, gente!
Não parece verdade pra gente
O pai que às vezes preocupava tanto os seus filhos
Mas que se preocupava ainda mais com eles
O orgulho hiperbólico, apaixonado, mas tão lindo
Que tinha
Da fisioterapeuta, da engenheira, do empresário, do professor, da advogada...
E às vezes se aborrecia por pouco
Preocupação que era fruto do seu amor, da sua intensidade...
Sempre intensidade
O sorriso gratuito de missão cumprida que ele tinha para os netos maiores
O riso e o carinho apaixonado que ele tinha para os netos menores
Um senhor conhecido no tribunal da Vicente Machado
Um mágico adorável paras as criancinhas na rua
É, gente...
A gente vai ter que se acostumar...
É, vô...
Vai ser duro me acostumar...
No último dia não te pedi uma coisa:
A Benção, Meu Avô!
Não te pedi com a boca
Mas sei que você me abençoa
Sinto que você nos abençoa
Mesmo que não tenha ouvido isso da tua boca
Como eu pedi?
Como eu sei?
...
Ah, vô, acho que agora eu finalmente aprendi!
Foi  a "Voz do Silêncio"
...

Espero um dia pra gente conversar denovo

Se o tempo é diferente onde você está
Pode ter certeza
Não  vai demorar
"É ou não é?"
Não vai demorar
Mas seja quando for
Que o senhor se prepare
Prepare a paciência
E um sorriso
Porque

Seja pela conhecida tagarelice desse teu neto que não sabe resumir
Seja pela "Voz do Silêncio"
Muita história eu vou ter pra te contar

...

Então
A Benção, Meu Avô!
Hoje e Sempre
...

E Até um Novo Dia!
...




"Bença", Vô!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Repertório Para Amigos

Atendendo a três pedidos, aqui vai aquela listinha de músicas e de "bandas marotas". Espero que gostem. Sei que ninguém vai ouvir tudo, mas dá pra brincar =D




Rock


Annwn- Annwn
Annwn- Broken Sword
Arkona- Goi, Rode, Goi
Dragonland- Holy War
Dream Asylum- Just Let Me Know
Eluveitie- Omnos
Eluveite- Your Gaulish War
Eluveitie- Uis Elveti
Eluveitie- Inis Mona
Elvenking- The Scythe
Elvenking- Heaven Is A Place On Earth
Elvenking- The Divided Heart
Elvenking- Moonchariot
Evergrey- Nosferatu
Evergrey- Closure
Finntroll- Trollhammaren
Gorky's Zygotic Mynci- Merched Yn Neud Gwaltt Eu Gyllid
Gorky's Zygotic Mynci- Spanish Dance Troupe
Gorky's Zygotic Mynci- Sbia Ar Y Seren
Gorky's Zygotic Mynci- Dyle Fi
Gorky's Zygotic Mynci- Freckles
Gorky's Zygotic Mynci- Cwpwrdd Sadwrn
Iron Mask- Holy War
Job For A Cowboy- Embedded
Kaarnekorpi- Juomalalulu
Kivimetsän Druidi- Blacksmith
Korpiklaani- Väkirauta
Leprechaun- Rusalka
Leprechaun- The Comet
Leprechaun- The Violin & The Nightingale
Liftiba- Fata Morgana
Lyriel- Memoria
Lyriel- The Regret
Miyazaki Ayumi- Brave Heart
Northland- Warriors Of Ice
Omega- Õrulték Óraja
Rhapsody- Emerald Sword
Rhapsody- Lamento Eroico
Rhapsody- The Power of The Dragonflame
Rising Shadows- Everything
Saltatio Mortis- Spielmannschwur
Sonata Arctica- Shy
Sonata Arctica- Tallulah
Sonata Arctica- White Pearl, Black Oceans
Spielbann- Erwachet
Star One- Intergalactic Space Crusaders
Swine Of Satan- Lost Wisdom (Burzum Cover)
Tenochtítlan- Quetzali Dance
Tenochtítlan- 2012
Tenochtítlan- Amarkay
The Absence- Shattered
Thin Lizzy- Whisky In The Jar
Thundertale- Lietuvos Broliai I Kara Jojo
Truppo Totto- Laeg Din Máv
Wraithverge- No Mercy For The Wicked
Windrider- Muspelheim




Folk


Alina Orlova- Kukushka
Alina Orlova- Lijo
Al Qaynah- Empire
An Danzza- Make Of War
An Danzza- Medieval Lives
An Danzza- Todos Los Santos
Antònia Font- Vitamina Sol
Auļi- Cīrulītis
Barbarian Pipe Band- Da Que Deus
Barbarian Pipe Band- Mitdans
Björk- Bílavísur
Björk- Vökuró
Blackmore's Night- Peasant's Promise
Blackmore's Night- Renaissance Faire
Boudewijn de Groot- Meester Prikebeen
Boudewijn de Groot- Waterdrage
Boudewijn de Groot- Testament
Caprice- Princess Mee
Caprice- Kywitt! Kywitt!
Cataplus- Cielu
Celtic Woman- Butterfly
Curina- Drei Nächte
Emilia Fox- Tumbalalaika
Enya- Adiemus
Elthin- Quen A Festa E O Dia (Cantiga de Santa Maria)
Elthin- Polka Glenside
Elthin- In Taberna
Fabrizio de Andrè- Volta La Carta
Fabrizio de Andrè- Il Pescatore
Fabrizio de Andrè- Creuza de Mä
Fabrizio de Andrè- Don Raffaè
Fabrizio de Andrè- La Morte
Fabrizio de Andrè- Il Re Fa Rullare I Tamburi
Fabrizio de Andrè- Carlo Martello Ritorna Dalla Battaglia di Poitiers
Fabrizio de Andrè- Geordie
Fabrizio de Andrè- Il Testamento di Tito
Fabrizio de Andrè- Si Chiamava Gesù
Fabrizio de Andrè- Ave Maria
Fabrizio de Andrè- Il Bombarolo
Fabrizio de Andrè- Via Del Campo
Fejd- Morgonstjärnan
Folkidelia- Haiku In Brn
Guus Meeuwis & Youp van't Hek- Majesteit
Hanne Hukkelberg- Lucy
Harry Nilsson- Everybody Is Talking
Hednatid- Havamal
John Barry- Midnight Cowboy
Josquin Des Préz- El Grillo È Buon Cantore
Krauka- Vinterblot
Les Nains Malins- Le Pub Des Druides
Les Nains Malins- L'Orée Des Bois
Lisandro Aristimuño- 39°
Lisandro Aristimuño- El Búho
Marco Esu- Soleares
Mervent- High Germany
Miriam Makeba- Pata Pata
Nachtwindheim- Da Que Deus
Nachtwindheim- Hölökyn Kölökyn
Ndere Dance Troupe- Acholi Pot Song
Nordlander- Meadmaker
Okzitanis- Trotto
Olam Ein Sof- The Arrival
Olam Ein Sof- Hecate Chant
Olga Scotland- Lulla
Planxty- Arthur MacBride
Planxty- The Jolly Beggar
Poropetra- Salon Sahti
Rayneke- Ka Rotta Diabolis
Simon & Garfunkel- Scarborough Fair
Simon & Garfunkel- The Sound Of Silence
Simon & Garfunkel- Hey, Schoolgirl
Soeur Sourire- Dominique
Stromgarde- Eveything
Taival- Maa Soi
Terra Celta- Saint Thomas Reel
The Irish Rovers- What Shall We Do With The Drunken Sailor?
The Irish Rovers- Patsy Fagan
The Irish Rovers- Whisky In The Jar
Trouvere- A Virgen Mui Groriosa
Turlough O' Carolan- Planxty Irwin
Vangelis- Conquest Of Paradise
Virelai- Ulven, Raeven en Haren
Vogelfrey- Belsazar
Woodland Choir- Buborék
Zen Zen Zen- Kolybelnaya In

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Novella Messicana

Ooh, Darling! Scrivi anche per me una "Novella Messicana", ancora meglio da quella che loro hanno scritto per te. Fammi villano, fammi cattivo, fammi crudele, fammi brutto! Che io riderò de te. Io riderò dello tuo bisogno imenso d'essere vittima.
 Tu sei troppo previsibile, è facile vedere che stai sconvolta di me... Tutte le volte che la vedo ubrica, forzando una risata, a fare ironie di Quinto Grado, può vedere che stai sconvolta... Bene! Io giammai saperò che cosa te sconvolte si non volete dire a me... Non sono come quella tua amica che deve avere una sfera di cristallo per sapere cose che nessuno l'ha detto, "né?"... Tu sai che non può caricare niente più de te! Riccordi che tu che m'hai chiesto: "Non aspettade niente da me!", e da vero mai ho aspettato e mai aspettarò. Lo che me fa trattarte bene è sopratutto la gratitudine, perchè mai dimenticarò quel giorno, che, doppo della nostra "Trappola", la fino ad allora "bissessuale invidiosa" su chi tante gente m'hanno parlato al inizio dell'anno, m'ha raccolto nello suo grembo, m'ha bacciato la testa, ascoltato i miei dolori, e sopratutto m'ha detto i suei dolori... Per questo, io non ho e non può avere nessuno farto de male da te...  Non dimenticai, caríssima, tu non puoi deludere chi non aspetta nulla da voi, anche perchè tu che, in un bello giorno, m' hai chiesto d'essere così... Ricordi? Tu sei ancora per me una amica, in chi io sò che può fidare sempre, l'unica cosa che ho per lamentare è che putroppo io mai non t'ho visto felice... Ma che s'ha di fare... Pazienza! Si tu credei nello stesso di me, Dio le benedica!

domingo, 5 de setembro de 2010

Own victory!

Some months later
I look with some disguise
The presumption of who "let it fine"
But I've imposed a victory
Only I know how
And what makes everything so funny
Is the arrogancy in a so small and lardy face
So small
It does not look fine
These are too big shoes for so little clown's feet
It turns boaster
It makes laugh
Watching it going downstairs
There is no pain
But looking in her leave
I make a "whatever" face
While I count
How many times she looked back
And it's fine... I need of both my hands!
...

sábado, 21 de agosto de 2010

Des-cobertas (29/6/10)

Descobrir alguém

Encobrir outrém

Cobrir a quem?

Redescobrir alguéns

Sem recobrar ninguém

Só pra cobrir quem...

Redescobridor

Descobridor

Cobridor

Cobertor

A- berto!






Muito bom estar de volta... ;D

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Um Envelope Azul, A Maldita E A Mal dita (Escrito dia 4 de junho de 2010)




Em um dia, a vida  é salva num envelope azul-feio
De letra Arial, preta, fria, arranca um grito!
E a ingratidão explosiva de quem pisa o papel
Nunca, Maldita!
E Um Alívio
Preparando a vitória numa boa notícia
Abraço e um choro morno
De vidro castanho
Não sabia que era vidro
Mas que lindo vidro
E Dois Alívios
A vontade vem em sorriso, riso e grito
Sentado na escada
Sorriso do amigo
E Três Alívios
Comemorar
Coragem e verdade em vapor de um copo
Dois copos
Calor de mãos sob a mesa
E entre a rua
Paz e Bem!
E um beijo fraco por fora
E comprido
Na Mal Dita!
E Dois Alívios
Uma boca que treme
Como treme
Graça em um par de olhos confusos
Mas quanta graça!
Só por hoje
Grade
Esquina
Coragem
Encharcada, boba
Mas coragem
Minha coragem
Tua coragem
Nada a esperar da Mal Dita
Esperasse e ainda era Mal Dita
Mas não tendo a Maldita
Por mais que antes fosse Mal Dita
Agora
Bendita seja!
Que ninguém saiba ou maldiga...
Bendita seja!
Sempre? Jamais!
De vez em quando?
Amarela? não!
Amizade Roxa
Assim até vai
Eu gosto
Nunca mais? E daí?
Daí...
Justiça só pra si
Encaixe de Lego
Perfeito
No colo
No Tubo
No colo
Bendita seja!
Um Alívio...
Paz e Bem!
Um Alívio...

Recordar é viver... (3/6/10)

Ou morrer de vergonha!




É! Se um carrinho passa com sua areia...


Você tinha razão


Era muita areia


Por muito tempo ainda será


Muita areia!















sexta-feira, 23 de abril de 2010

Pato Donald Nazista!

Segue o vídeo vencedor do Oscar de Curta-Metragem no ano de 1943... Uma interessante e clara propaganda de Guerra... Achado primorosamente no Youtube o/


quarta-feira, 21 de abril de 2010

O Brasil seria melhor se colonizado pelos holandeses?


É comum de a gente ouvir, aqui no sul, alguns discursos furados como: "Se o Brasil houvesse sido colonizado pela Holanda, seria muito melhor, teríamos níveis de vida de UE, infraestrutura de Primeiro Mundo, não haveria corrupção, pois a mentalidade flamenga, iluminista e laica, é, sempre foi, e sempre será muito superior ao retrocesso cultural e científico português, baseado na ignorância e no fundamentalismo católico, que não incita as pessoas ao trabalho. Seríamos um povo 'belo e louro', de uma cultura avançada, falaríamos um idioma germânico, o que nos permitiria desde cedo um domínio também da língua inglesa, e apresentaríamos valores bem distintos, com base na ordem e disciplina. Em áreas do interior nordestino, por exemplo, ao invés de miséria e coronelismo, teríamos bela paisagem de moinhos de vento, que gerariam energia e desenvolvimento. A cultura liberal holandesa não probiria drogas, aborto e jogos, o que tornaria nosso país livre do crime organizado. Inspirados pelo valor protestante do trabalho, seríamos uma grande potência do cone sul, a nível, quem sabe, dos EUA, devido à enorme extensão e riqueza de nossas terras..."
Esses e muitos outros argumentos sofrem uma notável influência do pensamento positivista do século XIX, eivado da idéia de oposição e superação entre uma "civilização" e uma "barbárie", do conhecimento "racional" europeu como saber universal, e principalmente do racialismo ou "racismo científico", que foi a base da ideologia racial do nazismo.
Aqueles que defendem tal construção mental de um "Brasil Holandês" contemporâneo estão naturalmente relacionando suas ideias com a imagem idealizada que têm do que hoje seria o Reino dos Países Baixos, e não com o que constituiu o processo colonial batavo em seu vasto império.
Não que o Brasil fosse um "imenso Suriname" (antiga Guiana Holandesa, hoje um dos países mais pobres da América), pois ao contrário dessa pequena ex-colônia holandesa, o território que compreende as regiões da América Portuguesa (subordinada na época aos espanhóis), e que foi invadida pela Companhia das Índias Orientais Holandesas, já possuía uma elite econômica constituída e uma agricultura bastante expandida (embora ainda usasse o método siciliano, já obsoleto, para a produção e refino do açúcar), enquanto o Suriname mal contava com a presença européia, sendo uma terra subexplorada pelos espanhóis.
Simpatizo mais com a ideia (ainda inviável) de comparar com a África do Sul, embora não acredite em uma tomada do Brasil Holandês pelos britânicos (como ocorreu naquele país). Desconstruindo o argumento comum, é improvável que o povo holandês "fincasse raízes" em solo brasileiro. Diferentemente do que ocorreu na Colônia do Cabo (África do Sul), onde a expansão para o interior, baseada na pecuária, se deu com a ida em massa de famílias européias (boers ou africâners), no Brasil, que então apresentava uma economia basicamente açucareira, não ocorreria um grande povoamento neerlandês, a não ser por parte de uma pequena elite administrativa e militar e de alguns degredados, o que impossibilitaria a difusão em larga escala dos traços étnicos e principalmente do idioma, que em solo brasileiro viesse a se tornar possivelmente uma língua crioula com elementos da língua-geral (nhengatu), português, holandês, espanhol, francês e idiomas angolanos. A população talvez fosse largamente composta por descendentes de escravos indígenas, pois não haveria a interferência da Igreja Católica, que a partir dos jesuítas pregavam a não-escravização do ameríndio, o que dificultou muito essa prática sob o jugo luso. Portanto, acho que também haveria uma demanda bem menor pelos escravos africanos.
Creio que é também improvável que o Brasil tivesse as dimensões continentais que tem hoje. O Brasil Holandês se situaria, possivelmente, nos territórios de litoral, agreste e zona da mata, que vão do RN a SE. A conquista holandesa poderia ser real, por exemplo, se não houvesse ocorrido a Restauração Portuguesa em 1640, que pôs fim à União Ibérica e ao domínio castelhano. Nesse caso, é bem provável que grande parte do atual território brasileiro se mantivesse nas mãos do Império Espanhol. Imagino que sendo assim, tivéssemos no século XVIII, quatro "brasis" diferentes: Um espanhol (o maior), um holandês, um francês (na região do Maranhão) e um quilombola. Um possível e vasto vice-reino do Brasil, sob domínio da Espanha (certas áreas do nosso território estivessem possivelmente sobre jurisdição dos vice-reinos do Prata, Peru e Nueva Granada), o Brasil Holandês propriamente dito, um Estado de Palmares no interior nordestino, que provavelmente durasse muito mais tempo devido à incapacidade dos holandeses de reprimí-lo (os holandeses não possuíam ao seu lado sertanistas como o paulista Domingos Jorge Velho que comandou a destruição do quilombo), uma possível instalação bem-sucedida da França Equinocial nos territórios que hoje pertencem a Maranhão, Piauí e Ceará.