domingo, 28 de novembro de 2010

Névoa Et Encruzilhada

Após uma perda do controle
Seguida de um pesar fundo, estranho e sem razão
E de noite sem sono
Algumas coisas têm parecido tão confusas...
É algo que precisava de mudança
Que enfim se percebesse que essa permanência,  por mais que já venha de alguns anos
Não cabe numa tal de eternidade
Realmente parecia que não ia acontecer
Tinha-se construído um paredão alto e escorregadio, aparentemente inexpugnável
Pra guardar algo de uma tal profanação
E tinha-se cercado de desertos rudes
Esse algo, cercado por uma muralha de quatro lados
Se manifesta no mais puro de um vento iluminado
Que se acostumou a redemoinhar-se em torno de si mesmo
O que fazer se esse vento tão cheio de vontade própria
Frente a uma presença, que como ele é uma em muitas e muitas em uma
Inconscientemente começa a deixar a sua Fortaleza?
Pra entrar em contato com a Terra, que há muito temia que fosse poluí-lo?
Presença que parece cercada de tanta névoa sombria de algum medo ou dúvida?
Mas que por trás ostenta a tal luz que não fere nenhum dos tantos olhos
Presença que assusta, por já ter dito tanto tão antes de ser notada
Presença que fascina, pelo seu convite
E que parece mostrar aquilo que já deveria ser cônscio
Que por mais alto que qualquer pássaro voe
Por mais tempo que permaneça no alto a ave de rapina
Girando em torno do seu próprio círculo
Como o sol orgulhoso: Estrela e Satélite de si mesmo
Uma hora terá de descer à Terra
Nela se recolher
E montar seu ninho
Merda! Pra que me serviram esses cíclos todos?
De que me serviram esses muros todos?
O ninho está sendo montado, começou a ser montado
E na primeira árvore do dia
Na encruzilhada de seus galhos mais fortes
Que se vê todos os dias ao olhar as janelas, que são enormes!
Aquela árvore, que faz com que mesmo um Filho da Lua
Enxergue e reconheça, a despeito de toda presunção e de todo calor que machuca
A exuberância incontestável da luz do Sol
Por mais que ela nos arda as vistas do corpo
Por mais que o seu calor horrendo nos reclame as águas da testa
Ah, Mãe! Tua luz não me machuca como a dele
Donzela, Mãe, Anciã
Ser ciativo e refrescante
Isis, Asarteia, Ishtar, Diana, Cibele, Kore, Ceridween
Levanah, Luna, Mari, Ana, Rhiannon, Selena, Deméter, Mah
Olhe com nossos olhos, ouça com nossos ouvidos
Toque com suas mãos, respire com nossas narinas
Beije com nossos lábios, abra nossos corações
Penetre em nós!
Toque-nos, transforme-nos
Faça-nos um todo...
Os sinais têm vindo
Mas ao mesmo tempo
Suas mensagens são tão claras que me ofuscam a vista
Chegou a encruzilhada, e é impossível não se deter um pouco frente a ela
É impossível não se paralisar frente a ela
À medida que as coisas vêm se tornando mais perceptíveis
Cada estrada exerce a sua atração
Mas a luz não muda de lado
Ah, Virgem... Pra onde será que eu vou rumar?
Cada sinal me vem como uma verdade forte dita
Seja o  luminoso sonho em que alguém me diz de algo "Grande" a ser feito em pouco
Com alguém que pareceria estar há pouco, por mais que já esteja há muito
Seja a Boa Nova construída sobre a nossa linda cerejeira
Seja um "mensageiro" aparentemente bêbado, que me manda pôr os calcanhares no chão, sentir e preservar a ligação forte e harmoniosa com a pessoa que se põe ao meu lado
Seja uma indescritível partilha de fluidos azulados tomando conta da sala, por um curto espaço de tempo, que no alfa se estendeu por uma estranha "eternidade"
Seja um vento da madrugada, com sua risada gostosa me puxando para a frente, mais rápido
Seja o som  de um segundo frente ao relógio
Seja um sujeito de olhar ameaçador que surge de repente no pátio de um posto de gasolina, o qual sabe-se lá por que estava ali àquela hora, e que fitando fundo diz numa máscara de fúria: "Você não tem como estar de passagem... Vai, continua o teu caminho!"
Seja a estranha mensagem de "Preste atenção àquilo que as pessoas dizem, elas podem estar falando do teu destino!", aonde eu geralmente só recebo cantadas baratas e desrespeitosas
Seja tudo aquilo que ainda vai ser dito
Ah, Mãe... Ainda há tanta Névoa
Mas ainda há tanta Luz
Parece haver algo que me foi dedicado há tanto tempo, mas que só agora é que se oferta para que eu busque
E me exige, de forma dura, mas sábia, que eu esteja preparado em breve para buscar
Esse tal de destino? Ta aí!
Pelo que eu entendi: Eu posso seguir algo que a Senhora me escreveu há 7, 12, 15, 20, 27, 52, 100 ou 1000 anos, um caminho estreito, que me exigirá desenvolver um tanto de autocontrole
E que ao fim de tudo só pode me levar a essa luz fria que penetra às névoas cada dia mais um pouco
E a uma longa comunhão espontânea de algo por tanto guardado, que já se mostrou possível, mesmo que por apenas cinco minutos (séculos)
Rumaria à plenitude do tal Ágape?
Ou seria pro outro lado?
Guiado por esse tal demônio que edificou essa barreira enorme e medonha
Passaria novamente
E em sombras e mais sombras
Retornaria ao vagar mendicante do libertino
Que faz questão de se alimentar das menores migalhas
Empilhá-las e fazer delas sua trincheira
Na ilusão tola de estar se tornando invulnerável
Eterno faxineiro das ruínas de Novos Édens
Catador de entulho do Jardim das Delícias
Ah, Minha Irmã na Lua!
Me perdoe pela inquietação toda
Não me queixo do seu rigor
É que eu sei muito pouco
É que tudo acontece tão rápido
Mesmo antes do tal Reino
Ainda estou praticando todo o necessário trabalho interior
Como um certo virgem Teseu matou o monstro no labirinto de dentro
Com o machado de ouro e dois lados
Assim também eu já sonhei com esse touro negro
Há muitos e muitos anos
E fugi dele
Mas não dessa vez
Ele voltou, mas agora eu posso olhá-lo
E o mínimo a se fazer, Filha da Lua, é tentar domá-lo
Você tinha razão ontem
...
Acredite em mim
É muito bom estar ao seu lado
Por mais que eu esteja parado
Cada sinal me promete Luz
Em troca de um passo rumo a...
Que eu me revele após ter dominado os monstros
E se estiver no rumo da Luz
Muito haverá pra comungar
E um Mar haverá pra ser visto, ouvido, fragrado e sentido
Confia?


...