sábado, 19 de novembro de 2011

Algo Mais Além da Consciência

 




Esse termo "Consciência Negra" pode ser tão racista. Como se a grande comunidade de ascendência subsaariana tivesse que ter consciência homogênea e simplista de um suposto "lugar social" ao qual seria confinada. Uma vez, assisti um famoso apresentador de TV dizer para um ator negro antes de lhe conceder um prêmio: "Este é um grande profissional, que tem consciência da sua raça", não sei se mais pelo "raça" que pelo "consciência", isso soou tão absurdo. Pareceu que o infeliz do apresentador estava querendo dizer algo como "... Ele sabe se por no seu lugar". Além do que, é um termo massificador e simplista, pois a partir do ponto em que se estabelece um conceito específico de "consciência" para uma comunidade, se abre espaço para tentativas intrusivas de determinismo sobre o que os membros desse grupo devem seguir, defender e ter como opinião (como faz aquele indivíduo que se acha no direito de dizer a um índio que ele não é índio porque ele usa shorts). Ao invés de institucionalizar um nome desses ao feriado, por que não falar mais dessa data um feriado em comemoração à Cultura Afrobrasileira? Além de mais sensato, é mais bonito. Ou será que em algum lugar do mundo existe um país que condena o racismo no seu devido lugar de crime, mas mascara um racismo institucional até mesmo no feriado?

sábado, 6 de agosto de 2011

Vivendo Intensamente/ Living Intensely



 Em tempos como esse, em que divas patéticas, cheias de uma tal de "atitude" encontram por acaso um fim inesperado para a sua imortalidade, mais chamam a atenção essas boas dezenas de caras bochechudas dando a elas o mesmo epitáfio: 
 "Se morreu assim, é porque viveu intensamente". Vendo liberdade no afogamento entorpecido, na atrofia do gozo espontâneo e do sorriso natural em um punhado de substâncias beneficiadas, achando que "abrir a mente" não é mais que inundar a consciência no sumo de uma folha amassada numa mistura fecal. Jovenzinhos que não vêem o preço do tal "barato", que sai caro, e nesse "barato" abandonam em folhas, goles, pós e pedras a capacidade de se alegrar por si, de sentir um prazer livre que já lhes foi dado de nascença. Vão seguindo, confundindo o egocentrismo com "atitude", achando que a overdose é a sobredose da vida. Que vida?

 Vi uma legião de adolescentes de 15, 21, 28, 34, 40 ou quase 50 anos, sentados no meio fio, tocando dois ou três acordes de "Light my fire", cantando de forma balbuciada um refrão que grande parte nem sabe o significado. Pedestalizando meia dúzia de jovens egoístas, que fizeram "glória" de sua definha, para inutilmente protestar contra um "sistema", por meio de entorpecentes que são em essência as nefastas especiarias desse tal "sistema", para agredir uma tal "burguesia", que em grande parte das vezes os pariu pro mundo. E no fim dos argumentos, simplesmente usam o mote "eu faço o que eu quero e isso que importa". Tão frágeis que condenam a si mesmo por uma sensação instantânea, no começo "usam porque querem", no final "não param nem se quiser". E aí estão os autômatos sombrios que vagam na rua. Alienados da própria vontade, seguem na mesma até o final, e com uma faca na mão, o sal de quem trabalha não vale o seu prazer, a vida humana não vale mais que o seu "barato". Aquele que só pede ajuda quando já submerso na lama imunda do charco, não será ouvido num mundo tão cheio de ruídos bobos.

Se teus heróis morreram de overdose, infeliz de você...

 In our times, when pathetic divas, full of a supposed "attitude", accidentally find an unexpected ending for their imortality, i prefer to pay more attention to these several dozens of cheeky faces giving them the same epitaph: "She/he died this way, because lived intensely". They see liberty in a numb drown, in the atrophy of their natural smile and espontaneous joy inside a bunch of toxic substances, they think that "opening the mind"  is no more than flood their own brains in the smoke of a leaf, smashed on a shity mixture. These youngsters don't see the real price of their inebriation, and it's not cheap, and for this inebriation they abandon in smokes, sips, powders and "rocks", their capacity of feeling pleasure by theirselves, their capacity of feeling a free pleasure that was given to them by birth. They keep mistaking egocentrism with "attitude", thinking that overdose of drugs is the same as overdose of life. What kind of life?I saw a legion of teenagers, at 15, 21, 28, 34, 40 or 50 years old (yes, there are a lot of "adulteens"), set on sidewalk curbs, playing two or three chords of "Light my fire", and stammering a chorus than most of them don't even know what means. They worship a half-dozen of selfish idols, who made their "glory" over their own decay, for vainly protesting against a "system", using that drugs, which are, by itself, the nefarious spice of this system. They do it to attack a supposed "bourgeoisie", that most of times is precisely who brought them to this world. Then, at the end of the debate, they say: "I do what i want to do, and this is what really matter". They are so weak, than condemn themselves for an instantly sensation. At first, they say: "I use it because I want to", and in the end they can't stop using it not even if they'd want. So these are those "zoombies" who wander through the streets at night. Alienated of his own will, they keep this way until the end, and when they are holding a knife on their hands, a worker's sweat is not so important for them as their inebriation, even human life becomes not so important for them. Those who ask for help only when already drowned under the dirty mud of the swamp may not be heard in a world full of foolish noises.If your heroes died by overdosis, what a pity of you...

 En tiempos como ahora, cuando pateticas divas, llenas de una presunta "atitud", encuentran sin querer un fin inesperado pra su imortalidad, me quedo mas atento a esas muchas faces cachetudas dándoles el mismo epitafio: "Si ha morrido así, es porque vivió su vida intensamente". Son personas que ven libertad en un ahogo entumecido, en la atrofia de su sonrisa natural, de su alegría espontánea en media-docena de sustancias estupefacientes. Ellos piensan que "abrir a la mente" no es mas que inundarla en el humo de una hoja aplastada en una mezcla hecha con mierda. Eses jóvenes no ven el verdadero precio de su embriaguez, y que no es barato, y por esa embriaguez, abandonan en humos, sorbos, polvos y piedras, su capacidad de alegrarse por si mismos, su capacidad de tener un places libre que les fue dado desde su nacimiento. Siguen confundiendo egocentrismo con "atitud", piensando que sobredosis de narcorticos sea lo mismo que "sobredosis de vida". ¿Qué vida?

 He visto una legión de adolescentes, de 15, 21, 28, 34, 40 o 50 años, sentados en el bordillo de la acera tocando dos o tres acordes de "Light my Fire", y tartamudeano un coro al cual muchos ni siquiera conocen el significado. Veneran a unos pocos ídolos egoístas, que hicieran su "gloria" sobre su propia decadencia, para vanamente protestar contra un cierto "sistema", utilisandose de las drogas que son la esencia vil de ese mismo sistema. Hacian eso para atacar una "burguesía" que en grande parte de las veces eran sus propios padres. Entonces, al fin de los argumentos, simplemente dicen: "Hago eso porque quiero, y es eso que importa". Son tan debiles, que condenanse a si mismos en cambio de una sensación de placer efemero. En primer lugar ellos dicen "Las utiliso porqué quiero", despues no pueden dejar de usarlas ni quierendolo mas que todo. Asi, tenemos los autómatos que deambulan por las calles. Alienados de su propia voluntad, asi siguen hasta su fin, y si tienen un cutillo en su manos, entonces el sudor de un trabajador no vale tanto como su embriaguez, no mismo la vida humana vale, para ellos, tanto como su embriaguez. Aquellos que piden ayuda solamente cuando ya se encuentran ahogados en el barro inmundo del pantano, saben que es poco probable que sean oidos en un mundo tan lleno de ruidos inutiles.

 Si tus héroes murieron de sobredosis, que lastima de ti...

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Mirror





Já rompeu-se à maioria dos homens o delírio de que se tira algum mérito de um punhado de anos a mais nesse mundo perecível. Numa tal "pós-modernidade", onde os grandiosos ideais e "bens-maiores" foram se estabacando ladeira abaixo, levando consigo as pobres vidas sacrificadas em seus holocaustos e expurgos pela "causa", já não se pode chamar qualquer coisa de "evolução", qualquer coisa de "razão", qualquer coisa de "maturidade", qualquer coisa de "certeza". 
 Aspas não são confiáveis, pois são postas por outros em torno de uma face. Por vítimas de uma realidade cheia de poeira de escombros, para quem mais aconchegante é o véu da imaginação por cima da realidade, porque esta é demasiado abstrata, díficil, sem graça e sem sonho pra se aceitar. 
 Já não há como fazer que vejam aquilo que está à sua frente, por trás das grossas lentes de suas fantasias, que lhes serviram, servem e servirão, cômodas, por mais 25, 30 ou quem sabe 40 anos. 
 E tua face, deixa que ela seja para nós uma simples folha de papel cândido, onde a gente pode desenhar o anjo, o bicho ou o monstro de acordo com o que for conveniente, e guardar essa forma lá no fundo, não sabendo a verdadeira figura que habita sob esse nosso querido rabisco...


 Ah, por menos que valesse o mundo, a vida ainda assim não tinha preço.


EKKILENGURMANNA


1330

terça-feira, 5 de julho de 2011

Céu de Índigo









Um céu de Índigo e lua cheia

Cheia e azulada, o que é sinal de chuva
Seis meses a puseram em linha e centro após o eclipse
E após vinte um anos, dá início à mutabilidade
Na qual Pólux por amor e sacrifício, descansa
Para que se levante e possa viver o irmão Castor
Por consenso de Júpiter que a partir de agora passará a ser o grande exaltador
Até mesmo que alcance e supere o Nodo Norte
Mercúrio, regente, também sofre dessa mutabilidade
Vendo a Lua, vizinha, reivindicar a sua parte
A mesma Lua leva a mais seis meses de exílio toda a imagem da cabra Amaltéia
Conduzindo-a até sua queda sob Júpiter
À esquerda da Lua
Exilada se encontra
Essa mesma imagem pânica de Prima Giedi 
Sobre o mundo terreno não passa apenas de um vulto alheio
Cujos cantos repetidos nunca são o suficiente
Para dar-lhe a evolução e o reflexo que busca com tanta aflição
Pois apele às baixas ou altas almas
Se encontra ainda presa à Terra, e não pode escolher quando deixá-la
E á direita da Lua, qual estrela brilha mais
Que Alpha Leonis, o Coração de Leão?
E forma uma esfera avermelhada em torno de si
Dizendo que já é tempo



Centanni

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Raleigh

Does not matter where is thy head, if thy heart is on its righteous place.

sábado, 21 de maio de 2011

Os 21 Anos


À minha vida toda foi dita a mesma coisa
Durante vinte e um anos ouvi
Desde conselhos maternos à advinhação roma
Desde sonhos esquisitos a mapas astrais
"Cuidado com o mar"
"Cuidado com a água"
De fato nunca fui o melhor nadador
E também nunca gostei de ficar torrando sob o sol de um praia
Mas sempre preservei mesmo assim o mar como um "estranho íntimo"
Muito bem-vindo
Que dança de noite refletindo uma lua clara e calma
E trazendo consigo os melhores dos ventos
Senti isso há pouco mais de um ano em Recife
Senti isso agora nessa páscoa em Santa Catarina
O bom caminhar na praia sob um céu escuro
Mas um céu de luz
É tão gostoso o passar das ondas entre as canelas
Mais gostoso é a brutalidade da brisa que vem do oceano
Ta aí
Talvez seja bem isso
O que atrai não é a água, mas os ares
Deve assim existir o tal "lobo-do-mar"
Alguém que desde pequeno sempre foi tão afeito aos ares
Que quando criança brincava de girar em torno do eixo no jardim
Só pra sentir o vento frio
Ê, meus sete anos...
Já os vivi três vezes...
Sempre prezando uma tal liberdade
Que de tão livre se tornou tão difícil de entender
E só muito recentemente começou a tomar forma e conceito
Liberdade que apareceu não como a tolice de voar por voar sem rumo
Isso se faz pois, o Homem, que é hóspede em qualquer lugar
Já não bastasse sua condição de candeia ao vento
A liberdade que de tão livre te permite se recolher em si de vez em quando
E chega ao fim o primordial dos ciclos
O do Homem, os 21 anos, e a evolução do corpo
Chegam frente ao desafio de novas atividades
De novas e pequenas mãos a guiar
Frente ao risco bilateral de quebrar a mesma promessa
Frente à firmeza necessária de não cometer um mesmo erro
E arcar com seu preço
Dando as costas para o que está de um lado e de outro
Intensamente após um longo exílio, no qual às vezes pensou-se estar morto
Frente a futuro e a presente e seu amálgama aparente
Que surge decisivo ao coração quanto à cabeça
E por enquanto...
Que cada um esteja no seu lugar










אלוהים יברך אותנו נכון

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Sonho do Incêndio (madrugada do sábado 14)



Estava parado à noite em frente à igreja
A mesma igreja das Mercês de sempre
Mas ela parecia estar do outro lado da rua, ao que ela sempre se encontra
Era já madrugada e podia-se ver de fora da igreja enormes labaredas que dentro dela subiam destruindo tudo
O fogo não passava das portas do templo e não havia ninguém lá dentro
Algumas pessoas, incluindo três ou quatro vestidos de hábito marrom e cordão na cinta olhavam passivamente
Estavam eles em uma casinha de madeira ao lado, da qual eu não me lembro existir de verdade, e diziam calmos
"Isso tem que acontecer, é sempre assim, sempre acontece, é normal..."
As labaredas tomavam uma altura assustadora, mesmo sem alcançar a torre
Virei as costas e olhei alguns segundos para uma frondosa árvore, que parecia ser um freixo
Quando olho de volta o dia já está totalmente claro, com um céu azul limpo, mas estranhamente sem sol
O fogo se apagou e as portas da igreja estão abertas
Fico surpreso ao ver que tudo foi consumido, mas incrivelmente não há cinzas
Todo o templo se  tornou uma imensidão vazia de mármore branco
Do chão ao teto tudo branco
As únicas coisas que lá continuam são:
Na parte superior, imediatamente atrás do altar
A conhecida imagem espanhola da Virgem Maria
De manto azul e rosa
Carregando no colo o Jesus menino
Que acena segurando em sua mão esquerda as correntes mouriscas das quais libertou seus fiéis
E sobre o altar propriamente dito se encontra uma cruz dourada com a hóstia magna
Para onde se dirigem em fila os frades, de mãos postas
Me chama atenção um que parece já conhecido, jovem, de aspecto moreno e baixa estatura
É o que vai à frente de todos os outros
E eles parecem ir aos poucos desaparecendo à medida que se aproximam da eucaristia
O silêncio é absoluto até um momento em que volto à porta da igreja e vejo uma mesinha de madeira simples
Repleta de folhas sulfite com desenhos coloridos de criança
O sol aí se faz presente e se ouve um som de passaros que vem daquela árvore do outro lado da rua
Que agora parece esbanjar vida e um vigor brilhante
No fim do sonho me vejo novamente dentro da igreja
Descalço sobre uma escadinha branca de madeira
Vestido de camiseta branca e calça também branca dobrada nos tornozelos
Pintando com tinta nos dedos e sobre a parede alva do templo
Uma grande imagem morena, bondosa e de barba longa que veste uma túnica vermelha quase marrom
Com uma grande faixa dourada
Pelas chaves que ele portava nas mão, imaginei ser Pedro, o Apóstolo
Uma espécie de tambor agradável e solitário parece ser levemente tocada ao fundo
Acordo, e após uns momentos de letargia, olho o celular e marco a hora (embora meu relógio esteja um pouquinho adiantado)
4 horas e 50 minutos da manhã

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Sonho do Rio

Mais um sonho curioso
No qual eu era a única pessoa
Estava num rio
De águas completamente transparentes
Tão limpas que dava pra ver as bolhas de oxigênio
E peixinhos pequenos e amarelos por todos os lados
Tal como seus pequenos girinos
Nas margens, muitas e muitas árvores bem bonitas
O céu branco
E uma correnteza
E eu nadava a favor dessa correnteza
Uma correnteza forte
Que fazia curvas
Mas de uma forma ou de outra
Eu dominava essa correnteza
E não parecia nadar imerso nela
Mas sobre ela
E me sentia bem
Ela fazia muitas curvas
A paisagem mudou para um monte de palmeiras
De folhas verde-claro
Até que, enfim chegou no mar
Azul-esverdeado e calmo
Com um sol surgindo em glória detrás das nuvens
E um céu de azul etéreo
Um calor macio
E um som de vento e mar por todos os lados
Acordei no quarto de baixo e vi o sol batendo na cortina laranja
Eram 7 horas e 21 minutos

sábado, 2 de abril de 2011

Vindbylur






Ég hef verið að hugsa þessa dagana Um það allt sem er að gerast Ó, Guð! Hvernig gæti ég vit af þessu öllu?
Í gær, heyrði ég frá kærust Og sterkari einn
Úr þeirri nota til að gera mig brosa
"lífið er að vera vindbylur"

Ég er svo óviss um alla
Ég græt ekki lengur
Ég leita ekki fyrir drauma mína lengur
Ég sé  einn sem var sterk
Tilfinning meiða við a par af orðum í heimskur MSN
Ég  hana að gefa sig við hug og kvöl
Fyrir seint öfund
Sem er ekki og aldrei gert vit
Og  treysta því að ég trúði og var svo sterk Og hefur merkt mér svo viss um alltOg hún segir mér  hún er eftirfarandi leið ljóssins
Og hún segir mér  ég mál enn fyrir hanaEn hún gerir í staðinnEyði mínum minnir á verk okkar með sæmd
Meiða okkur bæði í nafni fífl reiði Og hún segir mér  hún er sterk...
Og hún segir mér að það er góð leið...En hún segir hún vill  deyja!




sem er ekki og aldrei ge rt vit


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Ariel

 Engraçado! Fazia mais de um mês que eu não sonhava com nada... Nessa madrugada mal-dormida de 15 pra 16 de fevereiro de 2011 finalmente me veio alguma coisa. Um sonho diferente, como são praticamente todos eles, nítido, estranho, e como todos os outros sujeito a toda sorte de análise... É! Sempre fui bom em analisar sonhos dos outros, mas incapaz de avaliar os meus próprios. O que chamou a atenção nesse caso foi justamente a ausência de qualquer coisa conhecida, senão de mim mesmo: Sem lugares necessariamente familiares, sem pessoas conhecidas ou desconhecidas, sem nada! Só eu mesmo e o ambiente. No sonho, me sentia extremamente "jovem", mas minha imagem, apesar de reconhecível, não era igual a nada do que eu tenha sido um dia. Sentia meu rosto rejuvenecido, liso, e meu corpo pequeno e franzino vestia roupas claras e leves, que eram tomadas por uma atmosfera azul e luminosa, como tudo em volta no sonho. Me encontrava numa posição reclinada, meio deitado, com uma das pernas dobradas e outra esticada, a parte superior do corpo apoiada sobre os cotovelos. Era uma posição confortável, embora me sentisse de alguma forma paralítico. Incrível que pareça, era uma paralisia confortável. Uma coisa que talvez seja a única um pouco mais familiar (me remete à infância, quando tinha entre 7 e 8 anos) era o fato de estar no alto de uma colina, com minha cabeça reta e atenta ao horizonte, enquanto o corpo jazia sobre as raízes de uma árvore, que era diferente do carvalho seco da minha escola de 1ª série, parecia mais ser um enorme freixo, de tamanho absurdamente colossal, cuja incrível quantidade de folhas estranhamente não produzia qualquer sombra. A noite, de céu anil e limpo, mas sem estrelas, estava iluminada pela lua. Mas não era possível ver essa lua, pois ela dava a impressão de estar exatamente encima da árvore. A altura da colina também era enorme, e de lá dava pra ver, apesar de uma névoa fina que parecia ofuscar suavemente tudo abaixo, um sem-fim de campos de gramas altas, que sacudidas pelo vento, dançavam emitindo um som extremamente agradável: O único estímulo auditivo de todo o sonho. Sentado sobre uma das raízes, que eram cobertas de um musgo úmido e vivo, comecei a ver e sentir que caranguejos passeavam, um por vez, sobre a minha mão direita. Não eram muito, no máximo sete ou oito, e eu os assistia passarem de forma tranqüila, impassível. Este é outro fato curioso do sonho: Reagia a tudo com muita naturalidade. Voltei minha cabeça lentamente para a esquerda, e em outra das raízes, está sentado um ser quase idêntico ao que já vi em outros sonhos tanto mais recentes como bem mais antigos. Tinha as formas de um ser humano, embora aparentemente sem sexo e sem rosto, e era tomado por uma luz branca muito intensa contornada por uma espécie de aura índigo meio apurpurada, e que impedia que se fosse visível qualquer coisa senão os contornos de seu corpo. Este ser segurou minha mão esquerda de uma forma estranha, porém delicada, pela veia do pulso, e a sensação de seu toque era algo não bem descritível: De certa forma intensa, mesmo sem ser boa nem ruim, sem causar dor nem prazer, medo nem alegria. Um detalhe que torna essa figura diferente das outras dos outros sonhos, é que de alguma forma me veio à mente o seu nome: Ariel (embora jamais tenha conhecido ninguém, homem ou mulher, com esse nome). No sonho, eu acabei por chamá-lo por esse nome, embora não conseguisse ouvir minha própria voz, chamei-o Ariel. Porfim, esse ser ergue delicadamente sua mão esquerda e num gesto manso fecha meus dois olhos. Nessa hora eu acordei, respirei uns segundinhos de letargia e olhei o relógio do celular: Eram 3 e 34 da manhã ainda, minha atenção se voltou a um petulante mosquito que zumbia ao meu ouvido, com seu vôo gordo após ter se alimentado muito bem do meu sangue. Só fui cair no sono novamente lá pelas 6 horas, e não tive nenhum sonho em seguida.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Você é?

Quem sou eu: Não sou do tipo que cometeria o erro de definir, verbo "ser" é o que a gente mais usa o tempo todo... (Só nessa frase usei ele três vezes)... Tem gente que pensa ser aquilo que mostra aos outros, tem gente que pensa ser aquilo que pensa, alguns até acham que são o que sonham pra si ou pro mundo, outros dizem ser aquilo que fazem, e tem também quem ache ser aquilo que fala... 
 Separo bem, não vejo a integridade do "ser" em nada disso, na realidade, é mesmo uma pena que tanta gente se restrinja a isso, apenas isso! É como colar o próprio rótulo na testa, se limitando a algo visível, mais do que o rótulo, é a marca de ferro, pois quando se quer, se faz permanente, e embora seja permanente, será sempre, sempre superficial. Feliz o que sabe ser, sabendo-se pertencente a esse mundo, que é sempre muito maior, e muito menos material do que a gente sempre imagina que ele é, mas que mesmo pertencente a esse mundo, mesmo sabendo procurar, fazer e deixar-se contagiar do bem que existe nesse mundo, jamais permite ao seu ser que seja restrito a ele. Feliz daquele que procura olhar por primeiro no espelho aquilo que brilha no fundo dos seus próprios olhos, e sabe que mais do que qualquer roupa, cabelo ou sorriso, isso pode torná-lo o mais belo ou o mais repulsivo dos homens, às vezes em questão de segundos. Bem-aventurados os que têm a oportunidade, e são capazes de enxergarem no espelho além de si mesmos, a presença das duas pessoas que mais lhes amaram e lhes protegeram no mundo e do mundo, e assim saberem amá-los sobretudo, por não dever a eles nada menos do que suas próprias vidas... Bem-aventurado aquele que é capaz de entrar em contato, e de partilhar com os outros, de se permitir viver as melhores e as piores experiências com o outro, sem medo de "perder a sua personalidade", sabendo que o "ser sempre eu mesmo" não é e não pode ser "ser o mesmo sempre" e sabendo acima de tudo que não há elite, não há escória, não há o pior ou o melhor, sendo mais novo, sendo mais velho, sendo mais rico ou mais pobre, mais culto ou mais ignorante, o seu próximo será apenas diferente, e pelo simples fato de ser diferente, já tem algo para ensinar, algo pra acrescentar. Mais feliz aquele que consegue confiar de verdade, e por mais que já tenha sofrido, acredite na verdade, diga a verdade, e mais do que tudo respeite o valor da verdade que diz, sem confundir o "falar o que pensa" com o "falar sem pensar", ou o "falar o que vem à cabeça". Por fim, feliz de você, meu irmão, que teve o saco de ler isso aqui e talvez tenha me achado um idiota por tentar definir o "ser" nessas linhas limitadas do meu blog, você sabe que "ser" é muito mais do que isso, você sabe quem é, e você sabe que amanhã por mais que você não seja mais a mesma pessoa, vai ser sempre você... Depois de usar esse verbo "ser" 36 vezes só nesse textinho eu posso te dizer: Feliz de você!