sexta-feira, 20 de maio de 2011

Sonho do Incêndio (madrugada do sábado 14)



Estava parado à noite em frente à igreja
A mesma igreja das Mercês de sempre
Mas ela parecia estar do outro lado da rua, ao que ela sempre se encontra
Era já madrugada e podia-se ver de fora da igreja enormes labaredas que dentro dela subiam destruindo tudo
O fogo não passava das portas do templo e não havia ninguém lá dentro
Algumas pessoas, incluindo três ou quatro vestidos de hábito marrom e cordão na cinta olhavam passivamente
Estavam eles em uma casinha de madeira ao lado, da qual eu não me lembro existir de verdade, e diziam calmos
"Isso tem que acontecer, é sempre assim, sempre acontece, é normal..."
As labaredas tomavam uma altura assustadora, mesmo sem alcançar a torre
Virei as costas e olhei alguns segundos para uma frondosa árvore, que parecia ser um freixo
Quando olho de volta o dia já está totalmente claro, com um céu azul limpo, mas estranhamente sem sol
O fogo se apagou e as portas da igreja estão abertas
Fico surpreso ao ver que tudo foi consumido, mas incrivelmente não há cinzas
Todo o templo se  tornou uma imensidão vazia de mármore branco
Do chão ao teto tudo branco
As únicas coisas que lá continuam são:
Na parte superior, imediatamente atrás do altar
A conhecida imagem espanhola da Virgem Maria
De manto azul e rosa
Carregando no colo o Jesus menino
Que acena segurando em sua mão esquerda as correntes mouriscas das quais libertou seus fiéis
E sobre o altar propriamente dito se encontra uma cruz dourada com a hóstia magna
Para onde se dirigem em fila os frades, de mãos postas
Me chama atenção um que parece já conhecido, jovem, de aspecto moreno e baixa estatura
É o que vai à frente de todos os outros
E eles parecem ir aos poucos desaparecendo à medida que se aproximam da eucaristia
O silêncio é absoluto até um momento em que volto à porta da igreja e vejo uma mesinha de madeira simples
Repleta de folhas sulfite com desenhos coloridos de criança
O sol aí se faz presente e se ouve um som de passaros que vem daquela árvore do outro lado da rua
Que agora parece esbanjar vida e um vigor brilhante
No fim do sonho me vejo novamente dentro da igreja
Descalço sobre uma escadinha branca de madeira
Vestido de camiseta branca e calça também branca dobrada nos tornozelos
Pintando com tinta nos dedos e sobre a parede alva do templo
Uma grande imagem morena, bondosa e de barba longa que veste uma túnica vermelha quase marrom
Com uma grande faixa dourada
Pelas chaves que ele portava nas mão, imaginei ser Pedro, o Apóstolo
Uma espécie de tambor agradável e solitário parece ser levemente tocada ao fundo
Acordo, e após uns momentos de letargia, olho o celular e marco a hora (embora meu relógio esteja um pouquinho adiantado)
4 horas e 50 minutos da manhã

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