quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Aula 1 - História B [Moderna & Contemporânea] (5 de Setembro de 2009)

Renascimento Cultural



Tradicionalmente apresentado como um movimento de mudança ou "evolução" da sociedade medieval para a moderna, aquilo que conhecemos como Renascimento se configura em um fenômeno muito mais complexo, ao qual não se aplica uma datação, e cujas características transformadoras se manifestam por um longo período de tempo.


Ao se pensar o conceito de Renascimento, é comum relacioná-lo com a ideia de "Modernidade". O Moderno é geralmente tido como aquilo que se opõe ao medieval, do qual é separado por um evento: A queda de Constantinopla (1453). É como tradicionalmente se aprende do ensino fundamental: O que acontece antes de 1453 é medieval, o que acontece depois de 1453 é moderno. Essa idéia de determinar datas para o início de uma "era" e o fim de outra pode acabar prejudicando a compreensão e o estudo de determinados contextos. No caso do Renascimento, isso nos induz a reduzir a um momento específico do século XV, um grande processo de transformação nas estruturas, na vida e nos hábitos do homem europeu. A impressão que se dá é que no dia 30 de maio de 1453, o "homem medieval" acordou "moderno". Sabemos que não foi assim. Essas duas mentalidades (medieval e renascentista) coexistiram por um longo período de tempo, tanto antes quanto depois da queda de Bizâncio aos turcos. Sendo assim, o processo que conhecemos por Renascimento pode ser situado durante um período de grande duração, que vá, talvez (muitos autores divergem sobre isso, alguns chegam a defender que o Renascimento acontece até hoje), desde o século XII até o XVII.



A Crise do Mundo Medieval


Para se entender melhor o que é e porque se deu esse "Renascimento Cultural", como na análise de qualquer outro fenômeno histórico, é necessário conhecer primeiro os eventos que o antecederam, e como tais eventos vieram a influenciar o seu desenvolvimento. Para que houvesse a ascensão de um movimento pregador de novos valores e novo modo de vida, necessariamente, os valores e modo de vida anteriores deveriam estar em decadência ou, no mínimo, em processo de reestruturação. Sendo assim, não se pode pensar o Renascimento sem entender a "queda" do Mundo Medieval.
Como já sabemos, a sociedade no medievo feudal era teoricamente dividida em três estamentos imutáveis com funções bem determinadas. É a famosa pirâmide social: O clero (Oratori) tinha a função de orar e interceder a Deus por todos os cristãos (lembremos do papel fundamental da espiritualidade na vida do homem medieval), a nobreza (Bellatori) detinha as terras e a função de lutar por ela e proteger os camponeses (Laboratori), que nela plantavam e colhiam. Embora tal sistema fosse real e legitimado pela Igreja (única instituição organizada a manter autoridade sobre todo mundo cristão ocidental após a queda de Roma), havia muitos elementos marginais, que exerciam, a princípio, um papel pouco importante na vida social, mas que foram paulatinamente ganhando importância. É o caso de categorias como artistas, artesãos e principalmente a classe comercial (comumente descrita como burguesia). Os burgueses tiveram papel fundamental no Renascimento Cultural, protagonizando um outro renascimento, que conhecemos como Renascimento Comercial.

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