quarta-feira, 14 de abril de 2010

A Intolerância Vegetariana


Tenho ouvido de muitos, diversos argumentos sobre o vegetarianismo... Coisas como: "Tire o gosto de morte da boca", "pare de colaborar com esse genocídio (creio que a maioria nem saiba o real sentido da palavra)"... Recebo uma série de emails e vídeos emocional e visualmente (à violência) apelativos, todos com uma forte carga de itolerância radical, juízo de valor (nos julgando criminosos por sermos onívoros, visto que "Carne É Crime") e recursos a um altruísmo muito suspeito...


Não me cabe julgar as intenções dessas pessoas... Aplicasse meus próprios valores à análise dos spammers "veganos", provavelmente seria seduzido a crer em "teorias de conspiração" a respeito do tema... Sei que não é assim... Sei que a enorme maioria realmente acredita no que está defendendo, e que, sem questionamento algum, "militam, vestem a camisa, abraçam a causa"...


Na semana passada, discutimos durante a aula de "História dos Impérios Coloniais", a respeito do texto de Alfred Crosby tratando de um certo "imperialismo ecológico" que teria se abatido de forma permanente sobre o "Novo Mundo" com a conquista européia. Com a chegada dos europeus no fim do século XV, foram trazidas diversas espécies animais e vegetais não-nativas, ou seja, o continente não foi invadido apenas por homens e epidemias, mas por todo tipo de vida proveniente do "Velho Mundo". O impacto ecológico, sabemos, foi catastrófico para as espécies nativas, incluindo os seres humanos (vide a dizimação completa dos 8 milhões de caraíbas e aruaques, em grande parte pela ação de doenças como a varíola). Algumas espécies foram trazidas essencialmente para produzir alimento, como os bovinos e suínos domésticos. Sabemos que à medida que esses animais fugiam ou eram trocados com povos nativos passavam a se reproduzir livremente na natureza e, pelo fato de não possuir predadores naturais competentes em solo americano, se reproduziam sem controle e causavam um desastroso desiquilíbrio ambiental (isso explica por exemplo a existência de manadas de "cavalos selvagens" nas Grandes Planícies norte-americanas, e da "caça ao gado" como atividade comum entre os piratas das Índias Ocidentais). Com a expansão da pecuária comercial, a criação de gado bovino em larga escala exigiu uma fronteira de pastagens ainda mais longínqua, aumentando absurdamente o desmatamento de áreas de florestas, e levando à extinção ou semi-extinção de inúmeros gêneros vivos.

Creio que se aquilo que certos ativistas anti-carnívoros chamam de "Indústria da Morte" deixasse de existir, poderia ocorrer uma verdadeira catástrofe ecológica, pois mesmo após mais de 500 anos de presença na América, os grandes mamíferos de corte ainda são "intrusos, naturais". Se soltos, e não criados e abatidos em cativeiros, esses animais se multiplicariam de forma desordenada e adquiririam o nada honroso status de praga rural (se minúsculos gafanhotos e caramujos já causam enormes estragos às plantações, que se dirá de bois enormes), e como tal teriam de ser exterminados para evitar prejuízos agrícolas ou até mesmo crises alimentares. Não vamos esquecer que há pessoas passando fome, e que isso vai muito além da concepção de mundo umbilical de alguns.

Quanto a alguns argumentos recorrentes como: "O grande problema da ética, é que ela só se aplica aos humanos"... CLARO, que ela só se aplica aos humanos, pois foram os humanos que criaram esse conceito para reger comportamentos sociais HUMANOS... Não se pode exigir de um boi um comportamento "ético", pode?

Fica a pergunta àqueles predestinados a "libertar os animais da opressão humana":


O que é preferível? abater para consumo, como naturalmente acontece (sim! O homem come carne por natureza e não por "conspiração da maldita indústria carnífice"), ou botar as vaquinhas no "paredão" para fuzilá-las e deixar todo o seu rico suprimento protéico aos urubus?



4 comentários:

  1. adorei o artigo. me da nojo quem critica os onivoros. e o mais absurdo d tudo é o movimento anti-foi-gras. abraço!

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  2. Olá... gostei do post, alias, gostei de tudo aqui :P sério!! heheh....

    Vou lhe seguir!
    Ficarei grata, se vc retribuir! :D

    Abrçs.

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  3. acho que o certo seria não matarmos os animais para nada, e sim apenas para comer sem exagero

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  4. cada um faz o que julga ser melhor para si e para o meio em que vive, lógico puxando mais para o seu lado que do outro, típico da natureza do homem. não como carne vermelha por opção, mas pra mim é hipocrisia qualquer um dizer que não come carne de qualquer espécie por pena, julgando os outros que assim o fazem, tentando como tu colocaste impor uma situação colocando os carnívoros por assim dizer como os predadores sem coração e consciência. é hipocrisia porque ele julga o outro quando ele faz o mesmo, porém com outra espécie, apesar de acreditarem que essa é outra realidade. se estamos famintos que comamos a daí parte da escolha de cada um, sem imposição ou julgamento. O importante é tu te sentires bem com o que colocas na boca (ops, duplo sentido?). uma boa essa questão que tu levantaste.

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